A Embrapa adota a Escala TRL/MRL para classificação de nível de maturidade de todas as suas tecnologias. Com ativos digitais não é diferente. Cabe, entretanto, algumas observações sobre como a classificação nesta escala pode afetar diretamente o ciclo de vida dos softwares desenvolvidos.

As tecnologias agropecuárias desenvolvidas pela Embrapa e seus parceiros depende, na maioria das vezes, de transferência tecnológica para poder chegar ao seu público-alvo. Por exemplo, uma nova vacina para bovinos precisará entrar em escala industrial para estar disponível ao pecuarista na prateleira da loja de produtos veterinários. Da mesma forma, uma nova cultivar de soja dependerá de contratos com sementeiras para chegar ao mercado. Com softwares, no entanto, quase sempre é possível disponibilizar o ativo antes de sua transferência para uma empresa de nicho. Ao contrário de produtos materiais, que demandam insumos e recursos escassos, produtos digitais são escaláveis de forma virtual.

Assim, ativos digitais possuem uma vantagem inerente: podem ser disponibilizados para seu público-alvo, de forma escalável, com baixíssimo custo relativo. Como consequência, o resultado da pesquisa científica, embarcado em um ativo digital, chega mais rápido e com maior capilaridade aos atores das cadeias produtivas agropecuárias, atendendo à missão da Embrapa.

Entretanto, todo ativo digital tem um ciclo de vida que vai desde sua concepção até ser descontinuado. Durante toda sua vida útil o ativo precisará receber manutenções corretivas e evolutivas, de forma a manter-se atualizado e livre de erros, defeitos, falhas e bugs. Para isso, é fundamental que o software seja transferido de forma a monetizá-lo e, com isso, garantir estas intervenções ao longo de toda sua existência.

De forma geral, quando um ativo digital, resultado de um projeto de pesquisa, finaliza seu primeiro ciclo de desenvolvimento (atingindo uma versão 1.0 com testes internos e externos), ele torna-se apto a ser disponibilizado para seu público-alvo. Entretanto, uma vez que tenha findado seu projeto de pesquisa, podemos supor que a equipe de desenvolvimento será desmobilizada. Assim, até que seja transferido, este ativo precisará receber um mínimo de manutenções corretivas e evolutivas visando atualizar, pelo menos, componentes que possam comprometer a experiência de uso ou a segurança.

Nesta fase, o ativo digital é considerado um protótipo funcional ou mínimo produto viável (do inglês, MVP). Por conta disso, ele poderá ser classificado, no máximo, no nível 7 (sete) da escala TRL/MRL. Portanto, para este ativo evoluir na escala ele precisará, necessariamente, ter uma parceria comercial que preconize novos ciclos de desenvolvimento para a geração de novas versões com manutenções corretivas e evolutivas constantes durante toda a duração do contrato firmado, bem como sua hospedagem em nuvens privadas.

Enquanto se mantiver na fase de MVP, é altamente recomendado “sinalizar” aos usuários que se trata de um ativo para fins de vitrine e com restrições quanto ao suporte. Para isso, recomenda-se o uso de uma faixa (ribbon) com o qualificador de Beta Release:

Faixa de Beta Release

Atenção! É importante não confundir este qualificador do ativo com o estágio homônimo presente nos ciclos de desenvolvimento das aplicações. Ou seja, uma aplicação pode estar em estágio alpha, beta ou release apesar de compor um MVP, ou seja, um ativo digital em Beta Release.

Uma vez que o objetivo é transferir o ativo, é importante que sejam disponibilizados canais de comunicação de forma que empresas possam entrar em contato para iniciar tratativas de um potencial acordo comercial. Assim, ao clicar sobre o ribbon, os usuários tem acesso aos detalhes do nível de maturidade do ativo e informações de contato:

Dialog de Beta Release

Quando o ativo digital é transferido, a primeira versão gerada no âmbito no contrato deve retirar estas sinalizações de Beta Release e o ativo como um todo é evoluído na Escala TRL/MRL para os níveis 8 ou 9.